terça-feira, 29 de junho de 2010

Como fechar as portas de casa para as drogas


Pesquisa feita em escolas no Rio Grande do Sul revela que os pais estão falhando no diálogo com os filhos

Um levantamento com 1,8 mil estudantes dos ensinos Fundamental e Médio de Porto Alegre indica que os pais estão deixando uma porta aberta para a entrada das drogas em suas casas. O recado enviado por crianças e adolescentes é de que estão faltando informações e monitoramento adequado por parte das famílias a fim de aumentar a prevenção contra o uso de tóxicos.

Apresentada pela Brigada Militar, a pesquisa demonstra que amigos e colegas são a principal fonte de informação dos alunos sobre drogas, embora a maioria diga esperar que os pais cumpram esse papel. A periodicidade com que os responsáveis abordam o tema também deixa a desejar. Parte dos estudantes de 12 escolas públicas e privadas entrevistados (42%) afirma que seus pais somente os procuram para falar quando o assunto aparece nos meios de comunicação. Outro dado preocupante é que 11% deles, com idades entre 13 e 18 anos, disseram jamais ter conversado sobre drogas em família.

– Mais da metade diz que quer aprender com os pais, mas acaba aprendendo com os amigos. Os dados mostram que os vínculos com os pais não estão acontecendo – interpreta o autor do levantamento, major da BM Alexandre Thomaz, chefe do gabinete regional da polícia cidadã do Comando de Policiamento da Capital.

Como resultado da falta de diálogo, as informações dos jovens sobre os efeitos de substâncias nocivas são poucas. Apenas 53% deles afirmaram conhecer o suficiente sobre drogas, mas, ao final das palestras oferecidas pela BM nas escolas incluídas no levantamento (os nomes são preservados pela corporação), 98% admitiram ter recebido informações novas. Para Thomaz, isso indica que o nível de conscientização é precário.

Para o psicólogo Lucas Neiva-Silva, que trabalha com crianças e adolescentes em situação de risco, o diálogo familiar é um fator de prevenção fundamental. O problema é que seguidamente os próprios pais não sabem o suficiente para transmitir aos filhos.

– A maioria dos pais não entende o processo pelo qual a droga mata ou faz mal. O discurso fica resumido a poucas frases que se repetem. Isso não funciona – diz o especialista.

Outro dado comportamental considerado preocupante é que muitas famílias não conhecem bem os amigos dos filhos, sejam da rua ou de meios eletrônicos como a internet. Segundo pesquisas sobre drogadição, a influência de más companhias é fator determinante para crianças e adolescentes decidirem experimentar substâncias proibidas.

:: ATENÇÃO AO USO DE REMÉDIOS DURANTE A INFÂNCIA
A prevenção ao abuso de drogas, tanto lícitas quanto ilícitas, deve começar ainda na primeira infância. Uma das formas é agir responsavelmente ao ministrar remédios para os filhos. Os especialistas recomendam que os pais evitem chamar medicamentos de “sucos” ou “ balas” a fim de facilitar seu consumo. Isso pode sugerir uma falsa relação entre substâncias que devem ser tomadas apenas ocasionalmente e sob supervisão médica com produtos alimentícios. Assim, os responsáveis também ajudam a despertar na criança o conceito de que a vida não é feita apenas de bons momentos.

:: AJUSTE O DISCURSO CONFORME A IDADE DA CRIANÇA
Os pais não podem orientar os filhos sobre o risco das drogas da mesma maneira ao longo da infância e da adolescência. Essas explicações podem começar em qualquer idade, conforme a criança demonstre capacidade de compreensão do assunto. Daí até os oito, nove anos, pode-se adotar uma abordagem mais imperativa – dizer que a criança não pode tomar bebida alcoólica porque não é apropriado para sua idade, por exemplo. Depois dessa faixa etária, porém, ganha importância o caráter explicativo. Os pais precisam estar preparados para dar pormenores dos danos causados pelo uso de determinadas drogas e que justificam sua proibição.

:: EVITE ADOTAR SLOGANS: INFORME-SE ANTES DE CONVERSAR
Uma das abordagens mais comuns – e menos eficazes – utilizadas por pais e responsáveis de crianças ou adolescentes é sustentar seu discurso antidrogas em slogans como “droga mata” ou “droga faz mal”. Com o passar do tempo, a repetição acaba desgastando a expressão, e ela perde o sentido para o filho. A melhor maneira de evitar isso é se informando com maior profundidade sobre como essas substâncias agem no organismo e que tipo específico de prejuízo trazem.

– Uma boa dica, quando sai uma reportagem no jornal, por exemplo, é chamar o filho para ler e aprender junto. Deixar de repetir o simples discurso do medo – ensina o psicólogo Lucas Neiva-Silva.

:: PERMANEÇA ATENTO AO GRUPO DE AMIGOS DO SEU FILHO
Um dos maiores fatores de risco ao uso de drogas na infância e na adolescência é o que os especialistas chamam de “influência dos pares”, isto é, o grupo de amigos mais próximos. Por isso, além de orientar os filhos sobre os riscos da drogadição, os responsáveis devem acompanhar de perto quem são os amigos deles. Saber os locais que os jovens frequentam também é importante fator de prevenção. Para administrar o grupo de amigos, os pais não devem ter medo de estabelecer regras e impor castigos quando forem descumpridas – sempre explicando ao jovem que suas ações provocam consequências

:: ESTIMULE SEU FILHO A ORIENTAR OS COLEGAS SOBRE AS DROGAS
Uma das maiores dificuldades dos pais é driblar uma eventual resistência dos adolescentes às orientações “caretas” sobre drogas. Uma dica é utilizar uma estratégia chamada “par a par” (do inglês peer to peer), isto é, educar o filho para que ele possa educar os seus amigos e colegas. Um exemplo desse tipo de abordagem é: “Tu deves ter algum conhecido que está entrando no mundo das drogas. Quem sabe tu não dá uns toques para ele, quem sabe ele não te ouve?”. Com esse tipo de enfoque, o jovem se sente valorizado, em vez de vigiado.

Fonte: Jornal ZERO HORA

CONTRA AS DROGAS - PEDALADA REÚNE MILHARES DE PARTICIPANTES


Evento movimentou ruas de Rondonópolis. Crianças e adolescentes formaram maioria do público.



“A luta contra as drogas continua no dia-a-dia”. As palavras são do comerciante e comunicador comunitário Dirceu Coelho, de 36 anos, e expressam o espírito que impulsiona a Pastoral da Sobriedade de Rondonópolis na empreitada diante do tráfico e da dependência alcoólica e química.

Ele foi uma das pessoas que animou a XI Pedalada pela Vida, realizada no município no domingo (dia 20), que contou com milhares de participantes. Suas palavras significam que essa luta social ganha espaço público a partir de eventos de renome, mas se estende para a rotina diária das famílias, escolas, igrejas, locais de trabalho e outros espaços de convívio.

Por isso é que se ouviu dos organizadores do evento, no carro de som, palavras de conscientização como: “Família unida é a melhor prevenção”, “Família unida jamais será vencida” e “A droga rouba a sua consciência. Fique longe dela”.

A Pedalada transcorreu durante nove quilômetros, passando por avenidas do centro, ruas da Vila Operária e bairros como o Santa Cruz e o Bom Pastor. O evento começou pela manhã na praça dos Carreiros e se encerrou na praça Brasil.


CANÇÕES
A Pedalada também foi animada com músicas religiosas, menção de estatísticas sobre o flagelo das drogas e as iniciativas para combatê-la. Entre as canções estavam as do compositor popular Zé Vicente.

Um de seus trechos merece registro: “É bonita demais a mão de quem conduz a bandeira da paz”. A frase condiz com o esforço em conter a escalada das drogas em Mato Grosso. Afinal, segundo a Polícia Federal, mais de 500 kg de cocaína e quase 750 kg de maconha foram apreendidos ano passado no estado. Dados que serão discutidos em 26 de junho (próximo sábado), Dia Internacional de Combate às Drogas.


VENCEDORES
“Achei legal a Pedalada. O tema das drogas está presente no mundo de hoje e acho que esse movimento ajuda a acabar com isso”, falou o estudante Alisson Almeida Marchetto, de 15 anos, ao final do evento. Ele mora na Vila Duarte, participou pela primeira vez e ganhou uma das 20 bicicletas sorteadas pela organização.

Valéria de Almeida Silva, de 24 anos, ressaltou que a Pedalada estimula uma vida saudável. Ela é dona de casa, reside na Vila Operária e também participou pela primeira vez. “O evento tem um bom potencial”, comentou a respeito da proposta de chamar a atenção da sociedade para desenvolver ações de resgate aos dependentes químicos.
Outro vencedor foi Felipe Henrique Soares Ferreira, de 11 anos, morador do bairro Santo Antônio. Ele conseguiu percorrer o percurso inteiro e teve o bilhete sorteado. Com o olhar ainda surpreso e a nova bicicleta ao lado, respondeu de forma direta sobre o que achou da Pedalada: “Boa”.


PARCERIAS
A Pastoral da Sobriedade contou com o apoio de várias pessoas e entidades para a realização da Pedalada, o que foi destacado por sua coordenadora, Doroty Carnahiba, de 57 anos. “Agradeço de coração às pessoas e empresas que doaram bicicletas, às instituições religiosas, aos órgãos públicos e às entidades de recuperação aos dependentes e de combate às drogas. Sem esse pessoal não seria possível realizar um evento tão importante”.

A Pastoral atua em Rondonópolis desde 1999. Funciona à base de serviço voluntário de prevenção às drogas lícitas e ilícitas, intervenção, recuperação, reinserção familiar-social e atuação política. Além disso, possui no município três grupos de mútua ajuda nos quais dependentes e familiares podem buscar auxílio.


CONTATOS
A Pastoral da Sobriedade continua sua luta contra as drogas no dia-a-dia. Para manter contato basta ligar para o número 3426-8056 ou ir pessoalmente à sua sede, situada no bairro La Salle, rua 13 de maio, 1740, entre as 13h30 e 17h.