De acordo com uma pesquisa realizada pelo Centro de Referência em Álcool, Tabaco e Outras Drogas (CRATOD), da Secretária da saúde de São Paulo, dos jovens viciados em álcool 40% começaram a beber antes dos 11 anos de idade, e a maioria obteve contato com a bebida dentro de casa ou na presença de familiares.
Segundo a psiquiatra Marta Ezierski, diretora do CRATOD de São Paulo, os dados são impressionantes. "Uma coisa é falar de alcoolismo na população em geral. Outra é falar com base em uma população triada, já dependente. O número é muito alto", diz Marta.
Para os pesquisadores o que mais chamou atenção na pesquisa que são resultado de duas análises: uma de 684 pacientes adultos e outra de 138 adolescentes que procuraram o CRATOD nos últimos dois anos, é o fato de os jovens experimentarem a bebida na presença de familiares em que 39% dos casos o pai bebia abusivamente; 19% a mãe, e em 11% padrasto. Os dados apontam ainda que metade relatou o uso de maconha.
O psiquiatra Carlos Augusto Galvão, do Hospital Beneficência Portuguesa, conta que o alcoolismo tem dois fatores principais: o cultural e o genético - sabe-se que o alcoolismo tem um componente hereditário, mas os genes envolvidos ainda não foram descritos.
Para ele, o fato de os alcoolistas em tratamento terem começado a beber dentro de casa e ainda crianças pode ser explicado pela questão da imitação. "A criança imita aquilo que o adulto faz. E o jovem continua bebendo para se achar gente grande."
Para a maioria dos especialistas o único modo de afastar crianças do álcool é criando campanhas que conscientizem especificamente essa faixa etária e oferecendo serviços especializados de tratamento. Mas afirma Galvão "Não adianta entrar de sola na profilaxia se não houver como marcar uma consulta com um médico psiquiatra na rede pública, por exemplo."
Fonte: Estadão
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